TERCEIRO OLHO
À janela de domingo, dou-me à arte da observação novamente: as mesmas sandálias aos pés, a camiseta, um tanto desgastada pelo poder do tempo, e defronte ao cenário perdido. Há bastante tempo, observei os meus vizinhos, e escrevi compulsivamente algumas histórias – inclusive fiz a árvore genealógica da traição, buscando relatar as relações extraconjugais entre os moradores do edifício Mares do sul , onde moro até hoje. Cheguei à luz de reflexões profundas a partir dessas olhanças, e publiquei meu primeiro livro, ainda aos dezessete anos: Relações pervamistosas . Não parei por aí: sempre o mesmo cenário, as mesmas observações, e os vizinhos, embora diferenciados, praticando as velhas relações dos antepassados. Não podia ser diferente! Os moradores do edifício Mares do sul passaram a protestar contra o fim da privacidade. Nos diversos livros publicados até os vinte e cinco anos, eu procurei não censurar nenhum nome, não...