Jotinha e a completude
Jotinha entrou na confeitaria e pediu o primeiro bolo (recheado de doce de leite). Sem demora, comeu um, dois, três pedaços. Ainda, buscou uma garrafinha de coca cola (sem rato, mas repleta de formigas), bebeu e comeu. Levantou-se com a formiga no estômago (o bolo e o refrigerante davam voltas) e pediu ao garçom - balconista, porque em confeitarias não há aqueles que servem à mesa:
- Ainda estou com fome. Pode me ver esse bolo maior? Pegaram uma boa fatia do bolo, e ele, ainda no balcão, engoliu o suculento pedaço. Voltando-se ao balconista, antes mesmo que um novo pedido fosse feito, Jotinha sentiu aflorar por entre as pernas gases ininterruptos. Diante da repressão, a boca abriu-se num violento e estrondoso arroto.
Conseguiu com muito custo fazer um novo pedido: ainda com um bolo na mão, passou a ouvir vozes que repetiam incessantemente "doce, leite"... "leite, doce".... Mas antes mesmo que pudesse ouvir a combinação perfeita (Jotinha fazia apologia ao doce de leite com coca cola), ouviu como pano de fundo sonoro, palavras que o completaram momentaneamente: "jiló, gonorreia, sífilis"... Num estrondo, olhou em volta - sentindo vertigem - e vomitou de um só gole o doce, o leite, a coca e a formiga. Em seguida, quando se punha a levantar, tornou ao chão um líquido esverdeado, cobertura de jurubeba e jiló.
Vagarosamente, porém, a formiga levava uma dose de doce rumo ao formigueiro.
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