Pedro aguarda o amigo um amigo visto pela primeira vez cinco e meia, seis, sete, oito e nada - Ei, fio, meu menino já vem, sossega! - uma mulata dos quarenta grita da varanda. O rapazote aparece sem muita crença no jogo. - Oi! -Qual é o seu nome? - João Marcos. Sem palavras, a bola dança sem reclamar: de um lado a outro - um novo enfeite. Letra, calcanhar... A bola se enfeita toda e vai ao encontro dos pés descalços. Como um capoeira que não cai, que ginga sem atacar verdadeiramente, a bola procura o pé amigo. De tênis, descalço, de letra, calcanhar... - Ah, vamos ficar só assim? Pergunta Pedro, como quem diz que mesmo aos cinco era tão bom quanto o rapazote de oito anos - queria desafios. A bola amiga, então, passa à trapaça, ao drible brasileiro. A angola já regional! -Qual é o seu nome, hein? -Quê? Ah, Pedro Rafael. -Joga no gol, Pedro? Eu já quase fiz um gol de bicicletinha, sabia?! O caçador procura a toca. Toca a bola para si mesmo rumo ao gol. E a perm...