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Mostrando postagens de março, 2011

balas de confeitarias goianas

um quê disparado de amor um nada arm'ador O que dilatou são pétalas debochadas Sou eu, de máscara massacrada de filosofemas de furacões, um ser-tão de cidades Mas sinto o gozo matutino anunciado com cheiro de impaciência, badala inevitavelmente, balas de confeitarias goianas

Comentário de Matheus Padilha Sobre o Gozo

O problema do gozo, gozo sem problema

cheiro de MERDA azul celeste

é do precipício que se cheira o infinito do absurdo, o caos, o gozo imor(t)al e, indiscutivelmente, na MERDA se ouve um blues

Comentário de Fernanda Padilha Sobre a Escola Imor(t)al do Gozo

Estava lendo seus textos todos agora...passeando pelo seu blog...passeio pelo precipício da imor(t)alidade... Meu querido, és grande demais, imenso, imensurável, infinito! Como não crescer junto com vc? Como ficar imune a essa perturbadora imensidão? Em sua escola, convidados somos: “venham, curti-dores!”. Ouvido o chamado, autorizamo-nos a lapidar o horror; o horror de nós mesmos, sobretudo...Conduzidos então à beira do precipício, desafia-nos a suprema, premente e humana condição imor(t)al... Eis a trajetória...que toquemos o espírito, afinal...

Um imortal, bêbado, quer ser ouvido

(...) os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em verdade (...) João 4:23 Saio à noite, pelos vales de Santo Antônio , ou em Buenópolis-de-infância , ainda, na Praça Cívica , ou em qualquer lugar – é onde encontro os esquecidos. O gozo da escuridão me faz como Poe , faço digressões para ouvir mais, é só mais uma sexta. O sexo explícito dos imortais dá voz a quem perdeu a língua, mas não são os lugarejos ou as pessoas, ou mesmo o clima, é a imortalidade que me persegue, em casa, nos trabalhos normais, mortais! Ontem, nesse mesmo horário, estava deitado num banco, na praça Valter Santos . Era quinta-feira, eu tinha tomado três copos de suco de maracujá e alguns de caldo de cana... Meus pés deslizavam céu acima, sequer sentia os batimentos cardíacos, não havia relógio naqueles eternos instantes. Os dedos das mãos ficaram em pleno gelo, enquanto os pés tocavam sutilmente a ponta de um Ice Berg . Flutuei por ambientes confusos, sem reflexão, sem o aprisionamento da vã memór...

DEPURAÇÃO DO HORROR

saio à noite, pelos vales de Santo Antônio ou em Buenópolis-de-infância ou, ainda, na praça cívica ou em qualquer lugar - encontro-dos-esquecidos/ gozo escuridão adentro e, no terror de Poe , faço digressões para ouvir mais/ é mais uma sex-ta/ o sexo explícito da fala dá voz a quem perdeu a língua/ mas não pense que são os lugarejos ou as pessoas ou mesmo o clima/ "os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em verdade"/ em casa, nos trabalhos normais, mortais, ouço nascer a subversão/ é no queijo curado, no caldo de cana degustado, que me autorizo a lapidar o horror

Gozo Imor(t)al

Só goza o gozo ininterrupto do imor(t)ais aqueles que fizeram da norma uma cena cômica

curti-dor

regado a maracujá ouço vozes de sono, c-antigas almoço com sede só pra deitar delírio adentro paro, fujo novamente agora, são estrelas cadentes sequer acordo, não é sonho, meus devaneios sou mesmo tragédia ambulante! e não se trata de rir coletivamente ou só rir - é incômodo sem redenção! é que a história tem gosto de janela que se abre de repente gosto de vento do sul, forte-frio... que me adormece, sem sono

imor(t)al

alguns versos destroem cada centímetro cardíaco basta a leitura para comparecer um ticozinho desconcertante hoje, o sono sobreveio como quem não dorme há dias e quer tirar o atraso a música ressurgiu com pitadas de espontaneidade, sem dor é noite de cafezinho de fim de tarde, que fumaça silenciosamente de amor incontrolável, sem histeria noite ainda por vir, mas já repleta de sonhos fortificantes meu onírico é pau-pra-toda-obra, toda hora insisto em sonhar... ontem, tentaram me silenciar... "não caia de cabeça, vai afundar!" insanos mortais - eu gozo! se há, entre as pérolas, pedras que façam gozar... há, também, imortais entre os demais!

Sobre o mor(t)al e o imor(t)al

Não há nada melhor que observar os mortais diante do imprevisível!... Já os imortais não se dão ao luxo do susto - o surto já é grande o bastante! Na fala calma, ou nas locomotivas desvairadas, os mortais mostram sempre um quê de coisas perdidas! O contato com a "coisa" é que remete a cenas, acontecimentos não tão bem encobertos - perigo cotidiano de sair da mesmice! Quanto aos imortais... Esses habitam cenários desumanos, demasiadamente humanos! Vivem num círculo sem pai - Terra-Sem-Lei. Há aí a maravilha psicótica da cidade, a maravilha de Já-de-Cristo . Eles vivem e fazem da vida, vida! Quem dera fosse eu também um forcluído! Só os imortais não sentem dor, mesmo a conhecendo tão bem. Previsível ou não, o gozo dos imor(t)ais é gozo, e só! Trata-se de conseguir gozar fora dos padrões heteronormativos. Esse deve ser o objetivo de todos os imortais - gozo desmedido como um psicótico, porém sem possuir a estrutura forcluída. É o super-homem! É o gozo do (im)proviso, do dia-a-di...

Comentário de Ms. Regner acerca do texto "CASANAVAL"

Deitar-me-ei nos lençóis de setim, brancos como as águas límpidas que correm sem destino e me jogarei ao penhasco da aceitação, aquelas águas íntimas.

JÁ-DE-CRISTO

Ele gostava de sair à noite com fins nada esclarecedores. Emparelhava o carro nos semáforos e cantava a primeira música que vinha à mente. Cada noite uma história, um lugar, algumas pessoas! Havia parado no sinal da Praça Cívica com a Rua 84 , carros lado a lado, permitiu-se cantarolar: "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você, o que vai...", embananou-se na letra e estancou a canção. A moça, que dirigia um veículo bacana ao lado, deu uma gargalhada, furou o sinal, e se mandou. Nesse meio tempo, trouxe o bloco de anotações ao colo e limitou-se a escrever: "Sorriso cínico". Ainda parado, observou a Pastelaria 84 , mortais mergulhavam cerveja adentro. Do lado oposto, um posto, e alguns habitantes da noite, moradores de terra nenhuma. Parou e desceu. Aproximou-se dos dois rapazes que estavam sentados, não percebera a presença da mulher. Calado, sem olhar diretamente aos dois, começou a cantar um rap, Diário de um detento . Um deles, continuou ...

queda-nada-livre

tudo começa com mais uma máscara encantadora máscara posta, cai o pano - a plateia entorpecida se vai -é mais um dia de teatro de sombras! não sabendo qual persona usar, o ator vaga-vagarolando noutro dia, outra peça. Abre-se o pano e nova máscara é posta vai de mil histórias... pano fechado! o poeta, personificado, busca o calor dos bares, longe- longe de si travestido de mestre, ergue-se frente à classe intransponível, deixa a plateia em queda-livre -hoje, o mestre dos encantos, amanhã, senhor da guerra abram os panos! mais uma peça se anuncia. todos a cavalo - o cavaleiro inexistente reinará por um segundinho de vida ou ainda, sem anúncios prévios, a plateia será posta num cinema-mildez mas, ao sair, perceberá que não há cheiros, tampouco cor, a vida. em queda-nada-livre, os mortais, mascarados, deslizam, cambaleantes

casanaval

tem uma casa perdida no Itanhagá ou Buenópolis, na ponte entre Goiás e Gerais onde o coração toca em compasso tímido os ventos têm som de azul-marinho porta adentro e de volta aos quinze de cachoeiras ou aos dois-anos-de-mamãe é lá que se ouve mesmo o que não é dito! as paredes, sempre de pé, mas de ouvidos limpos o aconchego está nas telas, folhas secas prontas a pintar no vinil que espera sossegadamente o momento de tocar o banho, demorado como é, esteriliza as ceras e limpa os dentes é de quando em quando, sem dia nem hora certa, que se banha contam que essa casa está debaixo das águas - exatamente na divisa dos estados casa-náufraga que desliza vida abaixo é da casanaval que vim-e-vou sem hora certa, nem dia anunciado!

insônia cardíaca

Meu saudosismo migrou para Buenópolis – tempo tão perfeito que quase nada recordo Ontem fiquei ligado na tomada, sono não veio Fui pelo Sertão , mas não adiantou Parei em Riobaldo, o rio já tinha secado! Chacoalham pedras cá em mim – como o homem que não fui por algum tempo Talvez o coração reabra as úlceras perdidas Alivie minh'alma Drogas suavizam a noite, mas é dia! Infelizmente, não pude sentir o carnaval A festa ficou enclausurada igreja adentro Continuam os mesmos ranços! Ou me afundo em soluções rápidas... Ou continuo na-fala-pela-fala Não, não são as técnicas, tampouco meu lar! É que a insônia cardíaca parece mesmo ter nascido comigo...

da máquina nada extraviada

da máquina vi um funcionamento utilitário, interessado! da vida vi a máquina... do Pouso Alto , a colina, todos destelhados do interior sexta, sábado ou domingo, funcionamento perfeito segunda-de-todo-dia num tem santidade - é todo dia! se a viagem for antecipada, avise aos habitantes do vilarejo se vier, mande ao menos uma carta destrambelhados, surpresa não é bem quista! se o planejamento faltar se esquecer as cartas de aviso todo senso não haverá de existir!

UMA MÁQUINA NADA EXTRAVIADA

A máquina continuava causando arrepios nos habitantes do vilarejo. As crianças não perdiam tempo: pululavam máquina acima. Brincadeiras de todo tipo foram desenvolvidas a partir da chegada da estranha coisa. Era grande, tão grande, que ninguém nem sonhado tinha com aquilo. Os pedregulhos, as brincadeiras, as visitas já eram controladas pela prefeitura, para não virar um verdadeiro caos. Certo dia, ainda me manhã, um visitante nada convencional chegou ao município. Ele estava de mãos vazias: mochilas, malas não estavam com ele. Tinha o andar resoluto, parecia saber onde pisava. O lugar não tinha rodoviária, mas havia um lugar que fora convencionado para esse fim, o Pouso Alto . Era mesmo lá nas beiradas da rodovia, donde era possível enxergar todas casas. Apeou ali, sem mais nem menos, foi descendo a ladeira enorme de Buenópolis. Passou pelo único banco do lugar, que era do Brasil , e continuou com passos firmes a descida. Os habitantes não cessavam de observá-lo, cogitavam hipóteses...

CADEIRANTE POR OPÇÃO

Sou espírita de profissão, melhor, de religião. É que a ajuda que presto à humanidade não está nos semáforos, nem mesmo na periferia, ao contrário, contribuo para que os ricos continuem vivos. Cada um tem sua sina quando se pensa em caridade. Alguns passam a vida entregando moedas sujas em terminais, outros em cemitérios consolando aqueles que perderam um ente, querido ou não. O importante na linha de Kardec é seguir a própria sorte. Todos os dias ia ao Hospital Rassi, o maior do centro-oeste. Fiquei conhecido por lá! "Home da cadeira" ou simplesmente "cadeirinha", como me chamavam ali. Sentava-me na cadeira de rodas e lançava-me à sorte. Não que eu fosse cadeirante de doença ou acidente, mas para consolar um cabra na merda, você tem que estar numa merda maior. Assim que descobri minha sina, passei a freguentar os hospitais de bacanas, mas chegava de cara limpa, roupas chiques, colar de ouro etc. Quase todos os dias eu ouvia do pessoal: "você não sabe como s...

CIANURETO

Há muito tempo não vou à casa de vovó, mas essa me parece uma boa oportunidade. Afinal, não é todo dia que ela faz aniversário, ainda mais, de noventa anos. O legal é que vovô aniversaria no mesmo dia - um dia, duas festas. Quando pequena, dizia a todos da minha vontade de ser como vó-ana, isso porque ela sempre foi dona de si, sabia cada passo que dava. Certo dia, numa confraternização de família, meu avô revelou que tinha uma amante - estava completamente bêbado. Vó-ana simplesmente curvou a cabeça dizendo que já sabia, que ela mesma havia unido os dois. É claro que ele fingiu não acreditar, mas todos ali conheciam a história. Acho vovó incrível de verdade! Mamãe, não... Ela sempre quer mostrar que não está bem, que precisa de ajuda. No fundo, morre de inveja de vó-ana. Vovó, calada como é, não entra nessa competição ridícula. Os mortais morrem querendo provar o que não são... Vovó é, e pronto, e acabou! Hoje é dia de ir à casa de vovó! Já faz pelo menos três anos que não apareço p...